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22 de agosto de 2009

De Olhos Bem Puxados


 Volta teu rosto sempre na direção do sol e, então, as sombras ficarão para trás.

Você gosta de amendoim japonês? E de Miojo? Adora uma salada temperada com Shoyu ou um pastel quentinho da feira? Aprendeu matemática com o método Kumon e pratica Judô? Então você é só mais um dos milhares de brasileiros que já se acostumaram com muitas das pequenas coisas que os japoneses trouxeram para nossas vidas.

Desde que chegaram por aqui, em 1908, os japoneses se espalharam pelo país. Apesar de muitas famílias se aglomerarem em colônias (como em São Paulo e no Paraná), depois de 100 anos de imigração, há famílias japonesas vivendo do norte ao sul do país. Aos poucos eles foram se misturando aos brasileiros e, assim, formaram famílias nipo-brasileiras, que nos presentearam com milhares de nikkeis (cidadãos brasileiros com descendência japonesa).

Durante essa centena de anos, os japoneses nos ensinaram a conviver com seus costumes. Palavras como shiatsu, tatame, karatê, karaokê e muitas outras foram incorporadas ao vocabulário brasileiro, mesmo que muitos nem saibam que a origem delas seja japonesa.

Estudar a origem do povo japonês e quase tão difícil quanto estudar seu idioma. Pesquisas e descobertas recentes demonstram que o arquipélago japonês é habitado pelo homem há mais dez mil anos.

Desde o período Jômon, (de 8000 a 300 AC) os homens temem ao extremo a violência da natureza. Os japoneses acreditavam que o Sol, a Lua ,as estrelas, o trovão, o tufão, rios, montes, plantas, animais e aves possuam alma. E como outros povos, mudanças naturais repentinas que não eram conhecidas as causas, acabaram sendo atribuídas poderes mágicos. Para se proteger da ira das almas é criada a feitiçaria. Daí nascem uma série de tabus que se arraigaram na cultura nipônica até hoje.


A Bandeira


Uma das bandeiras nacionais mais bonitas do planeta, a “Hi no Maru", ou numa tradução literal “bola do sol” é a representação mitológica da deusa Hi no Mikami, associada, posteriormente à família imperial, a bandeira com circulo vermelho no fundo branco sintetiza bem o principio da simplicidade e simbologia expressiva dos japoneses.
O termo “nipônico” relaciona-se à esta simbologia: “Ho no Moto” ou Nippon, que quer dizer: terra do Sol.

 

Os Samurais


O Periodo Heian (794 d.C. a 1192) foi uma época de tranqüilidade, de gloria e luxo. As atividades artísticas prosperaram. Foi criada a grafia “kana”, baseada nos ideogramas chineses (“kanji”). É justamente nesse período que surgiram os samurais.

Os samurais tinham um código de ética rígido baseado em três religiões: o Budismo Zen, o Xintoísmo e o Confucionismo.Do Budismo foram tirados os preceitos de: reencarnação e o destemor da morte, assim como a prática da meditação e a terapia do auto-conhecimento. Do Xintoísmo foram adotados princípios de lealdade e patriotismo, respeito à família real e acreditar na divindade do imperador. Já do Confucionismo, a crença expandiu-se nos 5 princípios morais de relacionamento: entre senhor e empregado, pai e filho, marido e mulher, irmão mais velho e irmão mais novo e entre amigos e amigo.

O destemor perante a morte não era sinônimo de fanatismo. No entanto , o samurai baseava sua vida para que tivesse uma morte honrada, de preferência no campo de batalha. Aliás, as históricas batalhas entre samurais representavam mais que uma simples luta. Os samurais antes das batalhas falavam os nomes de seus ancestrais ilustres, seus feitos e suas proezas, para só então entrar em combate. Desde crianças, eram treinados nas artes marciais, na luta com espada e arco e flecha. Mas o lado intelectual não era menosprezado. Caligrafia, poesia e musica, faziam parte de seu treinamento.

O bushi (guerreiro) ou bushido (samurai) acreditavam que o homem e universo eram semelhantes, tanto no espírito quando na ética. A palavra de um samurai valia mais que qualquer outro tipo de garantia, papel assinado ou documento lacrado.

A Cerimônia do Chá

A cerimônia do chá, ou Chanoyu é a arte de servir e beber o “matcha” um chá verde pulverizado. Seu preparo e apreciação são mais do que um prazer estético e uma forma distinta de arte, o simples ato de servir o chá e recebê-lo com gratidão é a base de vida chamado Chado, o Chaminho do Chá.

A intenção não é apenas tomar o chá de gosto muito amargo “vale mais percorrer o caminho do que chegar ao final”. Através dos princípios básicos de harmonia (wa), respeito (kei), pureza (sei) e tranquilidade (jaku), aliada à prática de meditação, a paz interior é alcançada em forma plena.

Teatro Kabuki


Uma das mais representativas artes cênicas japonesas com quase 4 séculos de existência. No real sentido da palavra, Kabuki significa canto, dança e habilidade, o que é popularmente dito como a arte do canto e da dança.

O teatro kabuki, teve como primeiros artistas, mulheres. No entanto em 1629 as mulheres são proibidas de participar do kabuki. O pretexto: combater a luxuria e corrupção de costumes. Os homens literalmente entraram em cena, assumindo qualquer tipo de papel, até mesmo os femininos. Outra característica forte do kabuki é que os repertórios são extensos e acumulativos.

Os palcos utilizados para a apresentação são mais baixos e mais largos que os palcos convencionais e as cortinas são feitas em algodão vermelho ou verde com preto. A música se faz presente em todo o momento, pois até mesmo no momento dos monólogos utilizam a música de fundo.

O Kabuki hoje é sinônimo de riqueza estética que representa as máscaras sociais e a exuberância metafórica das historias encenadas.

A Gueixa

É quase impossível deixar de associar a imagem das gueixas, aquelas mulheres maquiadas de branco e vestidas em trajes típicos, com o Japão. A palavra “gueixa” significa "pessoa que vive das artes". Essas mulheres estudam a tradição milenar japonesa e utilizam elementos artísticos para entreter seus convidados.

Para isso, recitam versos, tocam instrumentos musicais, contam histórias, conversam sobre diversos temas, etc. É muito comum, até mesmo dentro do próprio Japão, que as gueixas sejam confundidas com prostitutas de luxo, o que não é verdade. O trabalho dessas mulheres não compreende o sexo, somente quando a própria gueixa deseja.


 O trabalho dessas mulheres não compreende o sexo, somente quando a própria gueixa deseja

Para se tornar uma gueixa, a mulher precisa passar por um extensivo treinamento iniciado por volta dos 13 a 15 anos de idade. Nas épocas de recessão econômica, muitos pais vendiam suas filhas para as casas de gueixas (chamadas de okiya). Hoje em dia, as jovens escolhem se querem seguir esse caminho da mesma forma que optam por uma profissão.

A maior parte dos clientes de uma gueixa são homens mais velhos e que possuem grande admiração pela cultura japonesa. As gueixas transmitem a idéia de uma mulher perfeita, fazendo com que seus clientes se sintam valorizados e atraentes.

A diferença entre as gueixas e as demais mulheres japonesas é que as gueixas utilizam o tempo livre para estudar e se desenvolver enquanto a mulher comum trabalha, cuida de casa e ainda da família. As gueixas precisam estar sempre bonitas, dispostas e alegres para conseguirem trabalhar várias horas consecutivas e ainda manter sua aparência sempre a melhor possível.

Embora esses artistas sejam importantes para manter viva a tradição e a cultura japonesa, o número de gueixas diminuiu grandemente ao longo dos anos: no início do século passado havia cerca de 80 mil gueixas no Japão, hoje estima-se que existam apenas 2 mil.

Genji Monogatari

Genji Monogatari, traduzido como A história de Genji, o Romance de Genji ou A lenda de Genji, não possui um título propriamente dito. Em razão disso vem recebendo várias denominações através da história desde a sua publicação.

Genji Monogatari, obra clássica da literatura japonesa, escrita em princípios do século XI, é considerada uma das mais antigas da história literária. A obra refere-se à história do príncipe Genji, relatando toda a sua vida amorosa, sua recuperação do poder imperial e a vida de seus filhos após a sua morte. O livro está dividido em cinqüenta e quatro capítulos. O romance é considerado como uma das obras mais influentes da literatura japonesa. Apesar de não se saber ao certo a respeito da autoria dessa obra, a mesma é atribuída a uma mulher que fazia parte da corte da imperatriz no final do século X e princípio do século XI.

Hinamatsuri 


Hinamatsuri, festa típica japonesa, que ocorre dia três de março, representa o dia das meninas. A característica do Hinamatsuri são as bonecas tradicionais, que ficam expostas em plataformas com panos vermelhos. Bonecas que representam o Imperador, a Imperatriz, serviçais, senhoras da corte, músicos com as vestimentas tradicionais do período Heian. Um jogo completo tem cerca de 15 bonecas, além de objetos de decoração, uma laranjeira e uma cerejeira, um espelho, instrumentos musicais, entre outros.

As duas bonecas que representam o Imperador e a Imperatriz ficam dispostas na primeira plataforma. O segundo degrau traz três senhoras da corte. No terceiro degrau estão cinco músicos. Cada um segura um instrumento musical e o cantor, um leque. As outras plataformas são compostas de mobílias em miniaturas, ferramentas, carruagens, entre outros. As bonecas podem ser presenteadas pela família da mãe da menina ou serem compradas em lojas de departamentos. A exposição das mesmas tem duração de no máximo duas semanas, e de acordo com a tradição, devem ser cuidadosamente guardadas e empacotadas.

No dia 03 de Março, a menina convida seus amigos para um chá, onde serve aos convidados o hishimochi (bolinho doce de arroz) e o sakê sem álcool. A comida tradicional é chamada arare, coloridas bolachas que são comidas com molho. Durante a festa, a anfitriã poderá cantar uma música antiga para entreter seus convidados.

O costume de exibir as bonecas teve início durante o período Edo. O Hinamatsuri é oriundo de um antigo costume japonês, no qual bonecas feitas de papel eram colocadas num rio, levando consigo os males ou os maus espíritos.
 

Undoukai

Undoukai é uma espécie de gincana familiar e/ou civil poliesportiva japonesa originada no século XIX. Naquele período, disputava-se nas gincanas cabo de guerra, corrida de obstáculos, arremesso de peso e outros. O termo familiar também designava um conjunto de famílias para as competições e não apenas pessoas de um só laço familiar.

O principal objetivo dessa gincana é fazer com que as pessoas se confraternizem, mas também é utilizada com o intuito de conscientizar crianças sobre seu próprio corpo. Normalmente o Undoukai é realizado no mês de maio durante um dia todo. Aos participantes são garantidos prêmios e boa alimentação. A realização da gincana é feita com a participação de músicas infantis que substituíram as antigas marchinhas militares. No Brasil, a realização do Undoukai é cada vez mais rara, pois a falta de espaço adequado para o acontecimento, a falta de descendentes japoneses que dão vida à festividade e ainda a perda dos valores culturais daqueles que são dessa origem e que permanecem no Brasil estão cada vez mais escassos.

O Saquê

O saquê é uma bebida milenar fermentada de origem japonesa. Sabe-se que a produção da mesma se iniciou no século III, em Nara, a antiga capital do Japão. Produzido a partir da fermentação do arroz, o saquê é enquadrado na mesma categoria do vinho. No Japão, o mesmo é tão valorizado, que é oferecida aos deuses xintoístas.

Arroz e água são os únicos ingredientes necessários para a produção do saquê. Primeiramente é feito o koji, que é o arroz fermentado separadamente. O koji é misturado ao arroz cozido ao vapor, até a formação do shubo, uma pasta de grãos. O shubo é colocado dentro de grandes recipientes para ser fermentado por 30 dias, aproximadamente.

Após isso, o saquê é filtrado e pasteurizado. Geralmente, a bebida é servida antes das refeições. Para preservar seu sabor, a melhor temperatura para seu consumo é 35ºC.


Bonsai

Bonsai é a arte que utiliza métodos e técnicas muito específicas para criar árvores em tamanhos bem menores do que os normais. O significado literal da palavra bonsai é “árvore em bandeja ou em vaso”. Para a produção de árvores em miniaturas são utilizadas espécies específicas, as miniaturas têm entre 15 e 60 cm.


Apesar de fazermos associação imediata do bonsai com a cultura japonesa, foram os chineses os primeiros a cultivar árvores e arbusto em vasos de cerâmica. Mas foram os japoneses que aperfeiçoaram arte do bonsai. Existem vários estilos de bonsai, sendo os principais: Chokan, Moyogi, Shakan, kengai, Han-kengai, Fukinagashi.


Tente não viver como se o tempo fosse uma realidade que pode roubar-lhe a vida. A vida é curta porém o momento transcende a eternidade. Graffiti Zen
 
Para edição deste texto as seguintes referências foram consultadas: Brasil Escola, Top Games - Ísis Gabriel.



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